Vez ou outra me sinto incomodada com alguns comentários que escuto em relação a pessoas que não estão se sentindo bem com seu peso ou seu corpo. “Fulano só fala que está gordo, mas não faz uma dieta, nem vai a uma academia”. “Sicrano vive reclamando que está gordo, mas não para a boca na festa de aniversário…”
Este tipo de comentário reflete uma visão reducionista do que seja a alimentação. Ela não se restringe a uma fórmula matemática. Quantidades adequadas de carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais e um gasto energético equivalente à ingestão calórica para manter o peso e proporcionar o bom funcionamento do nosso organismo não são suficientes para a saúde do ser humano.
Comer é um ato de prazer que conhecemos já nos primeiros dias de vida, e do qual ninguém deseja nem deveria se privar. É uma forma de estarmos em contato com os outros e de amá-los, por isso muitas vezes cozinhamos ou presenteamos com comida aqueles que queremos por perto. Pode simbolizar também uma recompensa e uma fuga para os nossos problemas. É comum comermos um chocolate para nos sentirmos bem e acredite, o problema não é o chocolate, mas algo que está por trás dele.
Nos sentimos mal com nosso corpo, comemos excessivamente, ou simplesmente não conseguimos perder peso apesar de “fazermos algo”, porque a alimentação não é uma fórmula matemática e sim algo extremamente complexo que perpassa a cultura, a sociedade, as emoções, elementos estes que se relacionam com a desregulação hormonal, o estresse, os fatores genéticos, a qualidade do sono, e até mesmo com o fato de fazermos dietas restritivas.
Fazer comentários sobre o que as pessoas comem ou sobre os seus corpos é uma atitude extremamente invasiva e pouco empática, pois podemos estar tocando no mais íntimo do outro, mas esquecendo de nos colocar em seu lugar.
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